terça-feira, 20 de março de 2018

Mirandês x Caipirês

 Título: TEMPOS DE COVID: DESDE O MEU RINCÃO; MINHA FAZENDA, MINHA ALDEIA, MINHA TERRA, NOSSA TERRA


Num dia eram os aldeões, foices e enxadas em punho, a caminho de suas lavouras.

No outro, eram anciões solitários a cismar, sem os filhos, morando longe, e sem 

a companheira, que foi visitar o céu mais cedo.

Num dia, eram só crianças a caminho da escola.

No outro, eram crianças sem futuro, indo-se da terra natal.

Num dia, eram os velhos vertendo lágrimas de saudades.

No outro, era o sentimento de impotência e o conformismo pelo ocorrido.

Num dia eram só mães, dizendo aos filhos viajores um "até logo"!

No outro, são mães que estão sem saber o quê dizer.

Num dia, são pais que ficam tomando conta das terras.

No outro, cansam da espera; que não sabiam tão longa....

Num dia, chegavam aos cafezais às cinco horas da manhã.

No outro, já não haviam cafezais....


Num dia, eram só homens a regressar do trabalho à casa.

No outro, eram homens sem casa para regressar....

Num dia, eram só pais dando as mãos aos filhos para atravessarem

a longa estrada da vida.

No outro, são filhos que dixam os pais à margem da estrada, pois 

os velhos já não conseguem acompanhar seus passos....

Num dia, chegou a pandemia: além dos sintomas, com ela chegou o 

desemprego; e as esperanças e finanças definharam...

E, da noite para o dia escureceu! E a manhã ainda não rompeu; os 

galos das fazendas e das aldeias ainda não teceram mais uma manhã.

E a humanidade está de olhos fechados. 

- Ainda teremos tempo de salvar a todos; ou em parte?